segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Tocando em frente: avanços e limites da gestão

A gestão 2008-2011 tinha como tarefa central consolidar o novo patamar estabelecido pelas resoluções do I ConJPT, frente ao Partido, aos filiados jovens e à sociedade.

A partir dessa perspectiva, verificamos que foram realizados importantes momentos de mobilização e elaboração nacionais, dos quais destacamos Caravana Nacional nas eleições 2008, que percorreu todo o país e lançou uma Plataforma Nacional da JPT, e o Encontro Nacional realizado em 2010, que preparou a nossa intervenção para as eleições presidenciais e mobilizou milhares de jovens na base.

Esses momentos demonstraram a vitalidade da militância jovem do PT e a sua capacidade de mobilização quando convocada. Para nós da tese Avante, esses momentos demonstram o quanto é latente a demanda por um amplo processo organizativo e o apontam os caminhos para o investimento na construção de uma juventude militante e de massas.

Contudo, salvo esses dois momentos, a Juventude do PT permaneceu na maior parte da gestão, presa à lógica setorial, priorizando atividades nacionais de quadros dirigentes, desvinculadas de um processo mais global de mobilização da rede da JPT, e com pouca capacidade de imprimir uma agenda política junto às Secretarias estaduais e municipais.

Outro ponto crítico da gestão foi o tema do financiamento. Sem contar com um mecanismo fixo e previamente estabelecido junto ao Partido, a Juventude precisava o tempo todo “barganhar” financiamento dentro ou fora do PT, por meio do apoio de fundações partidárias e outros. Além de prejudicar o andamento das atividades, isso fez com que, à exceção da Secretária, não houvesse garantia de condições estruturais mínimas para o funcionamento orgânico, plural e horizontal do conjunto de forças que compõem a JPT.

Durante todo o ano de 2009, foram realizadas inúmeras atividades, de pautas as mais diversas, sem, contudo, que houvesse uma diretriz política ou um fio condutor entre elas. Por mais que os temas abordados fossem relevantes e programáticos (juventude trabalhdora, mulheres, juventude negra, PPJs, etc.), a ausência de relação entre os temas e uma política mais geral para fez com que esse conjunto de atividades acumulasse pouco ou quase nada para a construção política da JPT.

O resultado final disso, combinado com uma gestão extremamente longa, foi o de um esvaziamento gradual das gestões estaduais e municipais.

A campanha presidencial de 2010 foi a última grande atividade coordenada pela Secretária e pela gestão eleitas em 2008. Nela, ocorre parte do que já apontamos no balanço: há avanços importantes em termos de produção de material gráfico, mas sem que a pauta consiga se inserir na agenda central da campanha.
Seguindo essa linha de tema “setorial”, o discurso para os jovens no marco da tática geral de campanha (comparação dos governos) ficou restrita a enumerar os feitos para a área, tal como a ampliação de escolas técnicas e universidades federais e a criação do PROUNI.

Isso é bastante diferente a JPT defendeu publicamente, a partir das resoluções do Encontro Nacional da JPT, que seria o de elevar a juventude a um patamar de eixo fundamental do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Defendemos que não é possível falar-se em um país mais justo e desenvolvido se não houver um olhar específico para a juventude, com políticas públicas articuladas em diversas áreas.

Para o PT voltar a reencantar e inserir a juventude na vida política do país, deverá abordar com centralidade o papel dos jovens da construção e transformação desse novo Brasil. E cabe à JPT, a luz do balanço de limites e avanços da gestão, se organizar para fortalecer sua organização e superar os obstáculos ainda colocados.

Como parte da tarefa de concretizar o projeto de um PT socialista, militante, democrático e, sobretudo, com capacidade de dirigir o processo de revolução democrática em nosso país, é que entendemos nossa ação para o próximo período na Juventude do PT.

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